Criando um board game sobre livros
A incrível jornada em um universo muito além do jogo da vida.
O desenvolvimento de um board game independente é uma tarefa hercúlea e apaixonante.
Quanto mais estudo sobre o assunto, mais admiração eu sinto pelos criadores de jogos que conseguem finalizar uma versão comercial de suas criações.
Esse não foi o meu caso. Confesso que tive aspirações nesse sentido, mas nunca foi o objetivo final, mas sim criar algo que me desse prazer. Todos os meus projetos paralelos ao meu trabalho profissional são assim, mesmo soando muito clichê, posso dizer que a jornada é a parte mais importante.
O jogo foi concluído num protótipo físico que passou por vários testes, até chegar em sua versão final, o que permitiu a criação digital com todo elementos gráficos que o jogo teria se fosse lançado comercialmente.
Houve conversas interessantes com possíveis parceiros para um lançamento comercial, mas acabaram não avançando. Conforme avancei nos estudos desse universo tão particular, compreendi porque é tão difícil publicar um jogo. Board games bons existem aos milhares nas plataformas digitais, melhores que o meu inclusive, difícil é conseguir o investimento para um lançamento, então rapidamente larguei mão disso.
Voltando para a produção do jogo, eu já tinha feito um jogo de tabuleiro que ficou bem bonitinho e divertido, com uma mecânica simples no estilo jogo da vida. Como era um projeto profissional, uma ação de marketing da empresa em que trabalho, tive a sorte de produzir uma tiragem física e guardo meu exemplar com muito carinho.
Contudo, desta vez o projeto era mais ambicioso em relação ao estilo de jogo, mais inspirado nos eurogames ou modern boardgames, com mecânicas e elementos de “deck build” para estratégia e “take that” para ter uma pitada de sorte.
A motivação foi ter algo novo para ocupar a cabeça durante a pandemia, o que deu muito certo.
O tema do jogo foi escolhido pelo fato de ter uma filha booktuber, e na época só se falava sobre livros aqui em casa.
Por conta disso, minha filha é co-autora do jogo. Enquanto eu pesquisava coisas sobre a mecânica, quebrava a cabeça com o modo de jogar e pensava no visual, ela ficou com a parte de trazer todas as informações referente aos livros para o jogo.
São apresentados 120 livros. Quando eu consegui definir qual seria a função dos livros no jogo e quais eram os dados necessários, ela pesquisou e conseguiu todas as informações necessárias.
E pelo fato dela também estar trancada dentro de casa, era uma coisa que ajudava na ocupação produtiva do tempo.
Outra coisa muito interessante foi como as ilustrações das cartas foram feitas. A Júlia gosta muito de desenhar e aos poucos vai desenvolvendo essa habilidade de maneira autodidata, eu percebi que, com alguns direcionamentos, o tipo de traço que ela tinha até então poderia ilustrar muitas das cartas do jogo, então ela colocou uma mesa digitalizadora bem velhinha que tinha pra trabalhar e deu muito certo.
E assim se passaram vários dias na frente do computador, quando alguma coisa travava, podíamos avançar em outra, porque tinha muito para fazer. Quando uma partida do jogo no protótipo de papel dava “beco sem saída”, nem sempre a solução era fácil, então a gente ia fazer outra coisa. As artes visuais do jogo passaram por muitas alterações, muitas delas drásticas.
Aos poucos tudo ia avançando, até que chegou o momento de colocar o jogo em uma plataforma table top, um ambiente virtual para que outras pessoas pudessem jogar online e dessa maneira ter feedbacks menos contaminados do que os nossos, pois aqui em casa já estávamos muito confortáveis com o jogo.
Conseguir fazer o jogo funcionar nesse ambiente foi outro desafio gigante, a plataforma Tabletopia exigiu uma curva de aprendizado considerável até que algo pudesse ser jogado.
Então, testes com várias pessoas diferentes foram feitos, muito mais ajustes e mais e mais testes, até que achamos que o jogo estava pronto, foi quando eu conheci um grupo no Discord, o Oficina do Playtest Online, e que grupo incrível!
Toda quarta-feira várias pessoas de diversos lugares do país se reuniam para testar os jogos dos participantes do grupo, uma fila era organizada e a medida que você fosse jogando e testando os jogos da vez, seu nome ia subindo na fila até que chegasse o dia dos participantes jogarem o seu jogo, e isso foi muito enriquecedor.
Lá descobri que meu jogo tinha muito o que ser melhorado e recebi feedbacks com um tipo de embasamento que ninguém que tinha jogado até então seria capaz de fazer.
Neste grupo, todos os participantes eram desenvolvedores de boardgames, muitos com vários jogos publicados e mesmo assim com um respeito muito grande na hora de fazer as considerações sobre o jogo que estava sendo testado.
Só o fato de testar outros jogos e ouvir os feedbacks já ensinava muita coisa que também podia estar errada no meu jogo.
Depois de muito aprender com verdadeiros mestres e muitos ajustes depois, considerei meu jogo concluído e agora é possível jogar online ou com o protótipo físico.
Quem sabe um dia eu me animo e tento fazer uma publicação independente?
Enquanto isso fique com um gostinho do jogo sobre a história.
Um milhão de páginas - Edição sobre livros de fantasia.
História
Você é um dos maiores especialistas em literatura fantástica do planeta.
Em reconhecimento aos seus feitos no incentivo e iniciação da leitura para pessoas de todas as idades pelo mundo, uma renomada universidade decidiu homenageá-lo com o prêmio Um Milhão de Páginas. A maior honraria nesta área.
Alguns estudiosos não concordaram com sua indicação e acreditam que merecem o prêmio muito mais do que você, então propuseram um desafio para provar quem é o maior conhecedor da literatura fantástica.
Toda sua trajetória de leitura e seus conhecimentos sobre livros serão analisados.
Quem será que ficará com esse prêmio?
Nos vídeos abaixo um pouquinho mais sobre o jogo.